segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Alguém quer uma regra aí?

Alguém quer uma regra aí?

De acordo com meus humildes conhecimentos sobre regras, compreendo que elas existem para nortear, limitar e organizar muitas atividades que nós realizamos. Até aqui nada de novo em relação a elas. Regras para isso e para aquilo, para o futebol, em casa, no trabalho, na religião, etc. Penso que existem regras para elas mesmas.
Outro dia mesmo descobri que tenho minhas próprias regras, e como louco que sou, sigo-as religiosamente. Quando acordo, levanto, pego o celular, calço os chinelos, acendo a luz, vou ao banheiro e tomo banho. Nada de complicado, muito embora não aparente, essas pequenas ações são frutos de convenções pessoais. Por exemplo, não posso entrar no banheiro sem ter enrolada na cintura a toalha. Não sei explicar porque sigo esta mania. Nelson Gonçalves dizia que mania é algo que a gente tem, mas não sabe como explicar. É assim que me sinto, sem explicações.
Ainda bem que consigo observar meus vícios e TOCs, o que muita gente tem, mas não sabe que sofre desta causa ou não quer admitir porque há alguma regra psíquica que o impede disso. Dói reconhecer sua própria loucura, afinal, qual é o louco que diz que é louco? (velha máxima popular).
Quem na vida nunca quebrou regras? Eu mesmo já quebrei algumas, mas também não posso deixar de falar que cultivo uma que não permite que eu saia por aí fazendo o que bem entendo. Acredito que muita gente tem esse tipo de convenção. Em locais públicos, homens e mulheres não frequentam banheiros opostos, pois seria quebrar uma convenção social que reflete o que é “correto”, o receio, pudor, moralidade, etc.
Há momentos em que é difícil saber se quebramos uma regra ou a cara do sujeito. Quando alguém afronta-me geralmente fico calado, mastigo as palavras e sigo, mas em outros momentos não consigo relevar, o que fazer? No devido instante não pergunto a ninguém se posso ou não transgredir alguma convenção. Quebro, e não tem jeito, as palavras ofendem mesmo quando essa é a intenção. Quando disse que quebro é a regra e não a cara do sujeito.
Sigo os dias tentando acompanhar o tempo, observando as regras alheias, pois existe cada tipo que, às vezes, pergunto-me se as tenho porque não me sinto confiante de ser consciente que não as tenho. É gente que não sai de casa sem fazer o sinal da cruz, gente que escova os dentes de hora em hora (toma um copo com água, escova nos dentes! Brincadeira! Ridículo isso que eu disse!) Até mesmo eu, depois que faço uma refeição, escovo os dentes (que preguiça de escová-los, ainda me livro desta regra!), gente que se preocupa com as regras alheias, neste caso sou eu que deveria ser mais útil, deveria falar de cachorros e seus donos ou de hierarquia profissional, aquilo que você talvez não saiba, mas já te disseram: manda quem pode, obedece quem tem juízo (outra máxima medíocre, totalitária, autoritarista, hipócrita, etc.)
Existem pessoas que amam criticar as regras que não são suas. Eu, por exemplo, não me importo com as convenções de outros, apenas as observo e vejo que são tão ou mais comuns quanto as minhas, e isso não me faz melhor nem pior que que muita gente por aí. Quem puder observar seus vícios e "convenções", que os faça logo, pois nem sempre o que julgamos correto por vias de regras não nos faz pessoas melhores, pelo contrário, nos abitola em hábitos inúteis que não sabemos explicá-los.


Eduardo Emer. 2012.

Um comentário:

  1. Estou pensando agora se tenho alguma mania ou "TOC", não consigo perceber essas coisas em mim. Quanto as regras, sei que as sigo até mais do que deveria, digo isto porque é bom quebrar certas convenções em nome de alguns momentos de felicidades...

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