terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Amar

Amar

Amar, talvez seja tudo
ou talvez não.

Amar é encontrar aquela pessoa
ou talvez não
talvez só seja... ou talvez não...

Pra que amar?

Amar é apenas amar...
Amar é viver...
ou talvez não.

Amar é andar de mãos dadas
ou talvez só seja.

Amar é só um sentimento
...ou talvez não...

Amar é apenas uma palavra
ou talvez só seja [um] talvez...
ou não seja nada.

Poema de Bruno Nascimento - Aluno do 9º ano da Escola Santo Antônio / Paragominas - Pará

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Alguém quer uma regra aí?

Alguém quer uma regra aí?

De acordo com meus humildes conhecimentos sobre regras, compreendo que elas existem para nortear, limitar e organizar muitas atividades que nós realizamos. Até aqui nada de novo em relação a elas. Regras para isso e para aquilo, para o futebol, em casa, no trabalho, na religião, etc. Penso que existem regras para elas mesmas.
Outro dia mesmo descobri que tenho minhas próprias regras, e como louco que sou, sigo-as religiosamente. Quando acordo, levanto, pego o celular, calço os chinelos, acendo a luz, vou ao banheiro e tomo banho. Nada de complicado, muito embora não aparente, essas pequenas ações são frutos de convenções pessoais. Por exemplo, não posso entrar no banheiro sem ter enrolada na cintura a toalha. Não sei explicar porque sigo esta mania. Nelson Gonçalves dizia que mania é algo que a gente tem, mas não sabe como explicar. É assim que me sinto, sem explicações.
Ainda bem que consigo observar meus vícios e TOCs, o que muita gente tem, mas não sabe que sofre desta causa ou não quer admitir porque há alguma regra psíquica que o impede disso. Dói reconhecer sua própria loucura, afinal, qual é o louco que diz que é louco? (velha máxima popular).
Quem na vida nunca quebrou regras? Eu mesmo já quebrei algumas, mas também não posso deixar de falar que cultivo uma que não permite que eu saia por aí fazendo o que bem entendo. Acredito que muita gente tem esse tipo de convenção. Em locais públicos, homens e mulheres não frequentam banheiros opostos, pois seria quebrar uma convenção social que reflete o que é “correto”, o receio, pudor, moralidade, etc.
Há momentos em que é difícil saber se quebramos uma regra ou a cara do sujeito. Quando alguém afronta-me geralmente fico calado, mastigo as palavras e sigo, mas em outros momentos não consigo relevar, o que fazer? No devido instante não pergunto a ninguém se posso ou não transgredir alguma convenção. Quebro, e não tem jeito, as palavras ofendem mesmo quando essa é a intenção. Quando disse que quebro é a regra e não a cara do sujeito.
Sigo os dias tentando acompanhar o tempo, observando as regras alheias, pois existe cada tipo que, às vezes, pergunto-me se as tenho porque não me sinto confiante de ser consciente que não as tenho. É gente que não sai de casa sem fazer o sinal da cruz, gente que escova os dentes de hora em hora (toma um copo com água, escova nos dentes! Brincadeira! Ridículo isso que eu disse!) Até mesmo eu, depois que faço uma refeição, escovo os dentes (que preguiça de escová-los, ainda me livro desta regra!), gente que se preocupa com as regras alheias, neste caso sou eu que deveria ser mais útil, deveria falar de cachorros e seus donos ou de hierarquia profissional, aquilo que você talvez não saiba, mas já te disseram: manda quem pode, obedece quem tem juízo (outra máxima medíocre, totalitária, autoritarista, hipócrita, etc.)
Existem pessoas que amam criticar as regras que não são suas. Eu, por exemplo, não me importo com as convenções de outros, apenas as observo e vejo que são tão ou mais comuns quanto as minhas, e isso não me faz melhor nem pior que que muita gente por aí. Quem puder observar seus vícios e "convenções", que os faça logo, pois nem sempre o que julgamos correto por vias de regras não nos faz pessoas melhores, pelo contrário, nos abitola em hábitos inúteis que não sabemos explicá-los.


Eduardo Emer. 2012.

É melhor não admitir. Às vezes, ser humilde não pega bem.

É melhor não admitir. Às vezes, ser humilde não pega bem. 

Saber se somos mais fracos que fortes, e vice-versa, é uma questão de ponto de vista ou de observação das atitudes que tomamos?

            Outro dia, estiveram na minha quitinete, dois amigos. Não os convidei, mas foram bem recebidos, enquanto festejávamos o meu pós-aniversário de 29 anos. Entre tantas conversas jogadas ao vento, uma delas, como tantas outras, tinha o ar de pseudofilosofia (discussões sobre assuntos que só bêbados fazem). Meio tomados pelas alucinações alcoólicas não percebíamos o quanto era chato o papo que desenrolávamos com tanta desenvoltura, afirmando, argumentando, contra argumentando, enfim..., mas, tenho que admitir, discorde quem quiser, enriquecedor “pra caralho". Tratávamos sobre fraqueza e fortaleza humana.

            Entre as discussões eu tentava impor minhas ideias, acreditando que elas fossem as únicas e verdadeiras, mas não eram, para o meu azar. Ao mesmo tempo, os dois amigos também defendiam seus pensamentos, o que tornava o encontro muito caloroso regado a olhares reprovadores e de reafirmação quando um dos três sentia-se compreendido pela ideia do outro, mas quando isso não acontecia..., meu Deus! Quem não sabia que se tratava de um encontro entre amigos, poderia imaginar que era uma briga feia.

            Entre tantas teorias e cervejas, disseram-me que ceder é sinônimo de fraqueza, somente porque questionei, se a fraqueza seria capaz de gerar algo positivo, uma coisa boa. Esse foi o principal motivo de passarmos a noite inteira interrompendo-nos, atropelando-nos as falas, foi terrível, tentando garantir a melhor ideia.

            Enquanto conversávamos animalmente, concluía a resposta para minha própria pergunta, mas percebia, em meio a esta busca, que era difícil admitir que uma atitude de fraqueza pudesse gerar algo bom e produtivo. Enquanto um dos amigos insistia em dizer que minha indagação tinha fundamento, eu tentava convencê-lo do contrário, tentando, fazê-lo desistir de sua hipótese, dando-me crédito, aceitando minha ideia. Tentei mostrar-lhe que sua rendição pudesse fazer-lhe um homem mais humilde. Não deu certo. Ele continuou persistindo, reafirmando, que ceder e fraqueza são coisas sinônimas, muito embora em alguns momentos, um deles tenha admitido, por um instante, que a minha teoria tinha sentido.

            Continuei a contrariar um dos meus amigos, tentando persuadi-lo, mostrando-lhe que ter um comportamento maleável e tolerante é algo maior do que a suposta fraqueza que se diz ter quando se pode ser humilde. Prosseguia mostrando a minha pseudo-humildade, para que ele pudesse ser generoso com a vontade do outro, com a cede de impor-se. Foi assim que fiz, mas não o convenci com minhas palavras contraditórias. A verdade de tudo era uma guerra persuasiva que parecia não ter vencedores e vencidos. Tentei fazê-lo ceder, tomando um pouco do seu próprio remédio, digo isso, porque, de fato, o tornaria um ser exemplar. Eu cedi, deixando-o com cara de carrasco, gente nada humilde, foi muito hilário, já que sua vontade era maior. Ele relutava, enquanto eu continuava na contramão, fazendo-o acreditar que não há nada de bom quando se age por fraqueza, o que também contrariava a mim mesmo, pois acredito que ceder, por mais que seja por fraqueza pode representar uma atitude ou comportamento louvável e admirável, reflexo de tolerância.

            O que ficou muito nítido para mim, naquela noite, é que meu amigo tinha medo de ser um fraco. Eu também já fui fraco. Às vezes, não perdoo, é difícil livrar-me de mágoas, fui mais promiscuo do que deveria ser, a futilidade já me tomou, a inveja tentou me consumir, entre tantas fraquezas. Eu não tive saída. Tive que me apropriar de minha ideia e sacramentá-la em mim, reafirmando que eu poderia ser, não o melhor, mas tolerante e compreensivo com o desejo do meu amigo, embora, lá no fundo, ele pensasse que eu seria um fraco e que a sua ideia fosse absoluta. Eu tentei, juro!

No final de tudo não admiti o pensamento do tal amigo, porque se o fizesse, estaria dizendo que a fraqueza teria me motivado. E, se fosse? O importante é que momentos como este, junto aos amigos, são muito reveladores e surpreendentes, ainda mais, servidos de tão santa bebida: a cerveja. Pude crer que ideias podem ser reformuladas, pessoas, modificadas, podendo fazer uma simples ou complexa escolha, certa ou errada, sem jamais ter sido fraco.

Eduardo Emer. 2010.